“Soneto XLIV”, de Pablo Neruda

15/01/2013 18:17

 

Sabrás que no te amo y que te amo

puesto que de dos modos es la vida,

la palabra es un ala del silencio,

el fuego tiene una mitad de frío.

 

Yo te amo para comenzar a amarte,

para recomenzar el infinito

y para no dejar de amarte nunca:

por eso no te amo todavía.

 

Te amo y no te amo como si tuviera

en mis manos las llaves de la dicha

y un incierto destino desdichado.

 

Mi amor tiene dos vidas para amarte.

Por eso te amo cuando no te amo

y por eso te amo cuando te amo.

 

 

Soneto XLIV (Tradução)

 

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

 

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

 

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

 

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo

e por isso te amo quando te amo.

 

(Tradução de Maria Teresa Almeida Pina)

 

 

Pablo Neruda foi um dos mais importantes poetas chilenos do século XX. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1971 e morreu em 1973. 

 

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Por Paulo Natanael